Uma news nada comum #8: Você é um turista ou um viajante?
Minha sincera opinião sobre essa comparação que vem aparecendo nas redes.
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Eu sei que andamos pouco assíduos com a news nos últimos meses, mas quero mudar isso esse ano! Esse é um dos formatos que mais gosto de criar e consumir conteúdo, mas acaba sendo o formato que eu mais quero que saia perfeito e consequentemente, acabo procrastinando. Prometo mudar.
você se considera um turista ou um viajante?
Acho que a primeira vez que vi realmente a discussão começar foi com o extenso compartilhamento de uma cena de uma comédia romântica do catálogo da Netflix. Eu não vi o filme, mas essa cena sim.
Nos comentários, como em qualquer post hoje em dia na internet, havia uma guerra entre os que defendiam os viajantes, e os que defendiam os turistas.
Mas existe mesmo uma diferença?
Na minha cabeça existia sim, ainda que inconsciente, já que eu nunca pensei de verdade a respeito. Pra mim um turista nada mais era que um viajante sazonal, por isso apelidávamos aquele colega de faculdade que aparecia só vez ou outra nas aulas, de turista.
Já a palavra viajante me remetia, acho que graças ao seu sufixo, a algo contínuo, alguém que está sempre em viagem. E fim.
Mas a discussão que anda correndo as redes sociais vai muito além. Nela o turista é considerado aquele indivíduo que está ali apenas pra dar check nos pontos turísticos mais importantes, andar o caminho batido, fazer o que todos fazem, garantir uma foto que alimente as suas redes, mesmo que isso signifique entrar em uma fila que vai demorar mais do que o tempo disponível pra curtir o lugar em si. Muito eficiente, mas bastante superficial. Ou como no filme, ele só quer escapar da vida.
O viajante não. Ele até vai ao locais turísticos e divide espaço com o turista, mas está ali para ir além, para ver além. Ele observa com profundidade, usa seu tempo pra sentir o ambiente e aprender com ele. Ele vê o que a maioria não vê. Ele busca entrar em contato com a cultura local e viver aquele tempo como um nativo. Ele não quer escapar, quer mergulhar.
Mas na prática quem é esse viajante? Quem diz que ele é um viajante e não um turista? O que significa ir além, ver o que os outros não veem? Isso não é só mais uma persona criada pelas redes sociais e você escolhe se veste uma camisa ou outra? O que te habilita a dizer que visitar todos os pontos turísticos, ou apenas alguns, não é apenas questão de gosto, disposição, tempo, orçamento e etc., e não uma abertura maior ao desconhecido? Quem tem a autoridade pra dividir pessoas entre uma classe ou outra? E ainda dizer que uma é melhor que outra?
E penso mais, acho extremamente elitista essa classificação. Há pessoas que têm o privilégio de viajar por destinos caros, pouco acessíveis e fazer passeios exclusivos, mas nem por isso mais “imersivos”. E outros que não e que nem por isso vivem menos suas viagens ou se beneficiam e se transformam menos com elas, escapando da própria vida ou não. Afinal, num mundo viciado em produtividade a todo custo, o ‘escapar’ da rotina me soa muito mais sensato.
Sou turista, porque gosto sim de dar check em muitos pontos turísticos por vez e as vezes sofro de FOMO (“medo de perder algum evento/atração”) em alguns lugares. Mas também estou viajante, no sentido de que tenho atualmente o privilégio de viver viajando e isso me dá tempo para me conectar mais intimamente com os locais que visito.
E você, se encaixa em alguma delas?
pra viajar sem sair de casa
Nesse último mês teve Oscar e os filmes estão chegando aos poucos aos streamings. Por enquanto meus favoritos foram:
Ficção Americana, Anatomia de uma Queda e Zona de Interesse, todos disponíveis no Prime Video.
Vimos também Pobres Criaturas no cinema, mas parece que ele já está no Star+.
Nas leituras eu terminei esses dias um livro pequeno, mas brutal, que apesar de ter sido publicado há 10 anos, tá mais atual que nunca. Chama-se Tornar-se Palestina, da escritora chilena Lina Meruane. Recomendo!
A foto acima foi na feira do livro da UFMG, onde estava rolando uma performance artística em que você se sentava em silêncio diante de uma mulher de vestes góticas com uma máquina de escrever enquanto ela te escrevia uma carta sabendo apenas seu nome e investigando o seu olhar. Foi nessa feira que comprei o livro da dica acima.
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Ótima discussão! Concordo com a definição inicial, de turista viajar esporadicamente e viajante, com continuidade. Um dos problemas da sociedade é querer colocar tudo em caixinhas e, para piorar, julgar quem não está com você na sua. Entre os próprios viajantes de longa duração há caixinhas diferentes: slow travel, trilheiro, urbano, os que preferem conexão com os moradores e os que querem ficar na sua, apenas observando. Espero que as pessoas olhem menos para a vida alheia e aproveitem mais a sua.